quinta-feira, 27 de maio de 2010

Estresse em atletas e praticantes de exercício físico


Este artigo pretende ,em um espaço conciso ,apresentar conceitos importantes e aspectos práticos do estresse associado a pratica de exercício,seja ele recreativo ou competitivo,mostrando como essas atividades podem tanto gerar como reduzir os níveis de estresse do individuo.
Os seres humanos apresentam propriedades auto reguladoras q visam manter seu estado de equilíbrio e assegurar o melhor nível de funcionamento possível do meio ambiente.Estresse foi o nome atribuído pelo endocrinologista Hans Selye ,nos anos 1930,há um conjunto de reaçoes fisicas e mentais que o organismo ativa automaticamente ao perceber a necessidade de se adaptar a condições adversas e desafios do ambiente.
Assim sempre que o individuo se depara com uma situação importante ,positiva ou negativa,essas reaçoes são desencadeadas.
Atualmente, o estresse é considerado a partir do chamado modelo quadrifasico.Esse modelo considera que existem quatro diferentes fases do estresse:(alerta,resistência,quase exaustão e exaustão) a fase de alerta ocorre assim que o organismo percebe a necessidade de adaptação e começa a colocar em pratica as reaçoes de estresse.Nessa fase o estresse tem a função de preparar o corpo para fazer frente aos novos desafios.
A fase de alerta do estresse costuma ter efeitos positivos sobre o funcionamento do individuo e pode ser considerada benéfica,principalmente em situações que exigem desempenho.Nesse momento,o organismo produz uma serie de mudanças hormonais liberando adrenalina e cortisol,responsáveis pelo aumento do animo,do figor e da energia,tornando o individuo mais concentrado produtivo e criativo e reduzindo a sua necessidade de descansar.
Entre tanto a reaçao de estresse foi moldada pela natureza para resolver problemas pontuais nosso corpo não esta preparado para permanecer em alerta por muito tempo e a manutenção dessas reaçoes acaba por gerar danos físicos e psicológicos ao organismo.(Quando o estimulo que desencadeou a reaçao de estresse se prolonga ,o organismo fica exessivamente ativado e temos a segunda fase do estresse:resistência.Nesse momento,os sintomas iniciais do estresse desaparecem,dando lugar a uma sensação de desgaste generalizado sem causa especifica e com dificuldade de memoria.O organismo encontra-se com maior desgaste,o que torna mais provável o aparecimento de problemas físicos e manifestações Psico sociais,como medo,isolamento social,dificuldade sexuais,oscilação do apetite,labilidade de humor,irritabilidade etc.
O funcionamento ideal do mecanismo de estresse é quando o individuo gerência a "fase de alerta" de modo eficiente,alternando entre estar em alerta e sair de alerta,como frequentemente acontece durante o exercício físico.O organismo precisa entrar em equilíbrio após uma permanência em alerta para que se recupere.
Nao há dano em entra de novo em alerta após a recuperação.Entretanto,quando o esforço que se tem que investir é muito grande para manter a situação sobre controle ,nosso organismo começa a se exaurir e se inicia a fase de quase exaustão,que se caracteriza por um enfraquecimento do individuo,que não mais conseguindo se adaptar ou resistir ao estressor.
A partir desse momento o estresse se torna negativo,uma vez que a pessoa ultrapassa seus limites e esgota sua capacidade de adaptação.Em função do longo tempo de ativaçao,o organismo fica destituído de nutrientes ,o sistema imunológico é prejudicado e a energia mental torna-se reduzida afetando negativamente produtividade ,capacidade de trabalho e qualidade de vida.Na fase de exaustão,quando mais tempo for mantido o estressse,mais avançada será a fase,mais danos serão sofridos pelo organismo e na maioria das vezes o individuo não consegue trabalhar nem se concentrar.
Uma questão importante a ser levantada e que vai determinar a ativaçao do mecanismo de estresse é a percepção por parte do individuo de uma situação como potencialmente desafiador.Nesse sentido o aparecimento do estresse será diretamente proporcional a interpretação que o individuo fara do tamanho da demanda do ambiente e da sua capacidade de lidar apropriadamente com a situação.As cognições (pensamentos,sentimentos,valores,crenças e atitudes)irão influenciar sua resposta comportamental.Assim quanto mais o sujeito perceber um determinado estimulo como desafiador e os seus recursos como insuficientes,maior será o nível de estresse.
As caracteristicas de personalidade e as crenças do sujeito sobre si mesmo e sobre o mundo tem papel fundamental tanto no aparecimento do estresse quanto na capacidade de o organismo manejar situações estressantes(em adendo as questões pessoais,algumas situações irão objetivamente demandar maior capacidade de adaptação de organismo por apresentarem grandes desafios.Outro fator relevante para o nível de estresse é o grau de importância dado pelo sujeito ao desfecho daquela situação.Assim,se eu tenho uma grande demanda que percebo como muito importante que seja bem solucionada,meus mecanismos de estresse serão automaticamente ativados.
O estresse pode ser controlado por meios de técnicas psicoterapicas mais especificamente na terapia cognitivo- comportamental,como restrutaraçao cognitiva e exercícios de relaxamento essas técnicas visam promover uma avaliação mais realista tanto do nível da demanda do ambiente e de sua importância quanto das capacidades do individuo,de modo a gerar apenas a ativaçao necessaria dos mecanismos de estresse potencializando seus efeitos positivos e impedindo seu prolongamento.
Alem desses recursos a evidencia que o exercício físico promove a liberaçao de betaendorfina,gerando sensação de conforto ,prazer,alegria e bem estar.O exercico físico tambem tem impacto comprovadamente positivo no tratamento e na prevençao da depressão e da ansiedade.Porisso,a pratica regular de exercicios é,atualmente,um dos pilares dos tratamentos psicologicos do controle do estresse.
Apesar dos efeitos beneficos do exercicio sobre o estresse,paradoxalmente em situaçoes de competiçoes,ou mesmo quando o individuo apenas tem expectativas perfeccionista quanto ao seu desempenho,esse pode se tornar um fator desencadeante do estresse,atletas profissionais ou mesmos praticantes de exercicios que sao muitos auto exigentes,podem interpretar esta pratica,como uma situaçao desafiadora,com auto grau de importancia e ,portanto,estressante.
Nao é raro observarmos queda significativa de desempenho de atletas profissionais em situaçoes de competiçoes,principalmente em eventos importantes como as olimpiadas,o que é popularmente denominado"amarelar".Nesse momento,o nivrl de estresse pode ser tao elevado que prejidica as funcoes cognitivas e fisicas dos atletas,afetando sua performance.Niveis altos de autoexigencia podem levar nao só ao estresse,mas tambem a uma serie de comportamentos potencialmente danosos ao organismo,como excesso de treinamento,uso de substancias ergogenicas e problemas alimentares.
Restrições alimentares graves e escesso de exercicio fisico podem denotar tambem um quadro que tem se tornado cada vez mais comum:a preocupacao exagerada com a auto imagem.Em transtornos alimentares como a bulimia nervosa,em que o individuo ingere grandes quantidades de alimentos e sente posteriormente necessidade de compensar as calorias ingeridas para evitar o ganho de peso,podem ocorrer abusos na pratica de exercicos fisicos como forma de se livrar das calorias adquiridas no episodio de compulsao alimentar,com potenciais consequencias osteoarticulares.O paciente que usa o exercicio fisico como forma de compensaçao é mais dificilmente diagnosticado como portador de um transtorno alimentar exetamente por que os medicos ainda nao estao familiarizados com esses novos padroes.
Outra condiçao ainda pouco diagnosticada é a dismorfia muscular,ou vigorexia,em que o individuo,mais comumente do sexo masculino apresenta transtorno de distorçao da autoimagem corporal,que o leva a perceber seus musculos como atrofiados e poucos desenvolvidos apesar de apresentar grande hipertrofia muscular.Esse transtorno gera auto grau de estresse e sofrimento psiquico,uma vez que o exercicio passa a ser visto como a unica maneira de corrigir um grave defeito corporal e a ser ,portanto,praticado de maneira compulsiva e a despeito dos possiveis riscos para a saude.
Com tudo nao é necessario que o individuo preencha criterios para um desses transtornos para que esteja em risco de ter estresse apartir de sua atividade fisica.Em menor grau,individuos saudaveis tambem expectativa de desempenho distorcidas que os levem ao excesso de exercicio e a ansiedade relacionada com sua pratica.Muitas mulheres sem transtornos alimentar usam o exercicio como compensaçao para episodios alimentares percebidos como excessivos,experimentando uma serie de sentimentos negativos,como culpa e angustia.Por outro lado atletas amadores tambem podem ter metas exageradas,visto que vao se percebendo como capazes de realizar determinada atividade;é o que acontece com corredores que passam a se submeter a intensas preparaçoes para percorrer distancias cada vez maiores em menor tempo,muitas vezes com expectativas ireais de performace.
Nesse sentido,apesar de o exercicio fisico ser potente aliado da psicoterapia no combate ao estresse é importante atentar para as situaçoes em que esse passa a ser um fator desencadeante.
Tais individuos poderao estar em grave sofrimento psicologico e ter um risco significativamente maior de desenvolver doenças fisicas,apesar de estarem praticando uma atividade aparentemente saudavel.Assim, é essencial que os profissionais de saude tenham visao integral de seus pacientes,de modo a entender quais fatores contribuem para o aparecimento e a manutençao dos sintomas de estresse e podem determinar a melhor estrategia de tratamento.

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