quarta-feira, 19 de maio de 2010

como evitar as lesoes


COMO PREVINIR AS LESÕES

As lesões podem ocorrer por fatores intrínsecos ou extrínsecos, por microlesões musculares cumulativas, por uso excessivo de um mesmo movimento, por má postura ao longo dos anos, e outros fatores predisponentes, como:

- fatores intrínsecos: desvios posturais; desequilíbrio na força muscular; falta ou excesso de arco de movimento articular; déficit no equilíbrio estático, semidinâmico ou dinâmico; morfologia constitucional (características ósseas individuais); gestual motor com mecânica incorreta; e idade.
- fatores extrínsecos: superfície de treinamento; calçados; equipamentos; métodos de treinamento. Sobrecarga excessiva no volume e/ou na intensidade.

Existem cinco campos de atuação quando o assunto é lesão, e cada campo pode ser ocupado por diferentes profissionais. O profissional de educação física atua no campo da prevenção, que é o primeiro; o fisioterapeuta desportivo, e o professor de educação física que tenha conhecimentos da fisioterapia, assim como o médico ortopedista, que atuam no segundo campo, que é a intervenção imediata após a lesão; o fisioterapeuta atua no terceiro e quarto campo, o de ação curativa e a reintegração do atleta as atividades físicas, respectivamente; e o fisioterapeuta e o professor de educação física irão atuar no ultimo campo, que é o retorno às atividades físicas diárias e as competições.

Para evitar as lesões, deve-se adotar medidas preventivas durante o treinamento. Tais medidas incluem treinar visando aumentar a força muscular, assim como a resistência e a potência muscular; o equilíbrio, tanto estático, quanto o semidinâmico e o dinâmico; o controle neuromuscular; o a flexibilidade, que ainda é um assunto muito controverso, pois a maioria dos profissionais (professores de Educação Física e fisioterapeutas esportivos) concordam que a boa flexibilidade é essencial para o sucesso no desempenho físico, embora suas idéias baseiem-se primariamente na observação, em vez de pesquisas cientificas. Do mesmo modo, esses profissionais acreditam que a manutenção da boa flexibilidade é importante na prevenção da lesão na unidade músculotendinosa e, geralmente, insistem em incluir os exercícios de alongamento como parte do aquecimento, antes de atividades extenuantes, o que pode aumentar o risco de lesão. No entanto, não existem evidências cientificas que comprovem essa hipótese.

A flexibilidade é específica para determinada articulação ou movimento. Uma pessoa pode ter boa amplitude de movimento nos tornozelos, joelhos, quadris e coluna lombar, e em uma outra articulação não ter o movimento normal, o que poderia acarretar riscos de lesões, se esse individuo praticar exercícios que envolvam essa articulação. Esse é um problema que precisa ser corrigido para que a pessoa possa apresentar uma função normal da articulação no que diz respeito à flexibilidade.

Outro fato que deve ser observado é quanto à forma de treinamento, para que este não aconteça de maneira inadequada, tanto quanto ao seu volume, quanto a sua intensidade, devendo haver uma periodização do treinamento para que não haja problemas do tipo: overtraining ou a síndrome de overuse. Assim como também devemos atentar muito para a forma de execução das atividades, para que o uso abusivo de um gestual motor incorreto não gere lesões.


COMPREENDENDO O PROCESSO DE RECUPERAÇÃO

Os programas de reabilitação devem basear-se na duração do processo de recuperação. O fisioterapeuta deve conhecer profundamente a seqüência das várias fases desse processo. As respostas fisiológicas dos tecidos ao trauma seguem uma seqüência e ocorrem em um período de tempo previsível. Decisões sobre quando e como alterar o processo do programa de reabilitação devem basear-se no reconhecimento dos sinais e sintomas, assim como na fase em que o processo de recuperação se encontra.

O processo de recuperação é constituído pelas fases de resposta inflamatória, reparo fibroblástico e maturação-remodelação. Deve-se salientar que, embora essas fases sejam apresentadas como três entidades distintas, o processo de recuperação é uma série contínua. Elas sobrepõem-se umas às outras e não apresentam pontos definidos de início e conclusão.

Depois que o tecido é lesado, inicia-se imediatamente o processo de recuperação. A destruição do tecido produz lesão direta nas células de vários tecidos moles. A lesão celular leva a uma alteração metabólica e à liberação de matérias que iniciam a resposta inflamatória. Caracteriza-se sintomaticamente por vermelhidão, edema, dor à palpação e aumento de temperatura. Essa fase inflamatória inicial é critica para todo o processo de recuperação. Caso essa resposta não realize o que se espera dela ou, caso não ceda, a recuperação normal não ocorre.

A inflamação é o processo pelo qual leucócitos e outras células fagocitárias e exudatos são levados ao tecido lesado. Essa reação celular é geralmente protetora e tende a localizar ou desfazer-se dos subprodutos da lesão (por exemplo, sangue e células danificadas) através da fagocitose, estabelecendo assim um cenário para o reparo. Nessa fase, ocorrem efeitos vasculares locais, distúrbios na troca de fluídos e migração de leucócitos do sangue para os tecidos.

Deve-se diferenciar a resposta inflamatória aguda, conforme descrito acima, e a inflamação crônica. A inflamação crônica ocorre quando a resposta inflamatória aguda não elimina o agente causador da lesão e não restaura o tecido à sua condição fisiológica normal. A inflamação crônica envolve a substituição de leucócitos por macrófagos, linfócitos e células de plasma. Essas células acumulam-se em uma matriz de tecido conectivo frouxo, altamente vascularizado e inervado na área da lesão.

Os mecanismos específicos que convertem uma resposta inflamatória aguda em uma resposta inflamatória crônica são até hoje desconhecidos. Entretanto, parecem estar relacionados com situações que envolvem o overuse ou sobrecarga em virtude de microtraumas cumulativos em uma estrutura específica. Do mesmo modo, não existe um prazo de tempo específico no qual a inflamação deixa de ser aguda para se tornar crônica. Parece que a inflamação crônica é resistente tanto ao tratamento físico como ao farmacológico.


QUAL O TRATAMENTO PARA LESÕES E A QUEM DEVEMOS PROCURAR

A abordagem da reabilitação é consideravelmente diferente no cenário da medicina esportiva se comparada à maioria dos outros cenários de reabilitação. A natureza dos praticantes de atividades físicas traz a necessidade de uma abordagem agressiva na reabilitação. O objetivo é retornar à atividade, com segurança, o mais cedo possível.

Felizmente, poucas são as lesões no cenário esportivo que oferecem risco de vida. A maioria das lesões não é grave e permite uma reabilitação rápida. Quando ocorrem lesões, atenção do fisioterapeuta esportivo transfere-se da prevenção para o tratamento e a reabilitação. No cenário da medicina esportiva o fisioterapeuta assume, geralmente, a responsabilidade primária pela criação, implementação e supervisão do programa de reabilitação para o individuo lesado. Uma vez que este individuo tenha passado por um médico, na maioria dos casos, um ortopedista, e este tenha diagnosticado com precisão o tipo de lesão a qual deve ser tratada.

As decisões sobre quando e como alterar ou avançar no programa de reabilitação devem basear-se no processo de recuperação da lesão. O fisioterapeuta, responsável pela supervisão do programa de tratamento e reabilitação, precisa ter a mais completa compreensão da lesão, inclusive como ela ocorreu, quais as principais estruturas anatômicas afetadas, o grau ou classificação do trauma e o estágio ou fase de recuperação da lesão. Assim como também deve ter compreensão profunda da seqüência e da duração das diversas fases da recuperação e deve saber que determinados eventos fisiológicos precisam ocorrer durante cada uma delas.

O objetivo principal do fisioterapeuta é possibilitar que o individuo possa retornar as atividades normais, com segurança e rapidez. E para que isso aconteça é necessário passar por vários componentes básicos do programa de reabilitação. Esses componentes também podem ser considerados como objetivos a curto prazo, e devem incluir: prestar os primeiros socorros adequados e imediatamente após a lesão para limitar ou controlar o edema; reduzir ou minimizar a dor; restaurar a amplitude total de movimento; restaurar e aumentar a força, resistência e potencia muscular; restabelecer o controle neuromuscular; melhorar o equilíbrio; manter a capacidade cardiorespiratória; e incorporar progressões funcionais adequadas.

Quando uma articulação ou outra estrutura anatômica são prejudicadas por uma lesão, a biomecânica normal é comprometida. Ocorrem mudanças adaptativas que alteram a maneira pela qual várias forças atuam coletivamente sobre aquela articulação para produzir o movimento. Portanto, a biomecânica do movimento articular é modificada como resultado da lesão.


A melhora, ou a restauração, da amplitude de movimento é um objetivo importante em qualquer programa de reabilitação. Algumas atividades esportivas requerem níveis relativamente “normais” de flexibilidade, porém, algumas outras atividades exigem flexibilidade acima da média. O atleta com amplitude de movimento restrita tem, provavelmente, suas capacidades de desempenho diminuídas. A falta de flexibilidade também pode resultar em padrões de movimento descoordenados ou inadequados.

O desenvolvimento da força, resistência e potencia muscular é um componente essencial de qualquer programa de treinamento e condicionamento físico para atletas e praticantes de atividades físicas. Do ponto de vista do fisioterapeuta esportivo que supervisiona o programa de reabilitação, recuperar e, em muitos casos, melhorar os níveis de força, resistência e potência é primordial não só para conquistar um nível de condicionamento ótimo, mas também para fazer com que o indivíduo volte a um nível funcional após a lesão.

O restabelecimento do controle neuromuscular é um componente primordial para a reabilitação de articulação patológicas. O objetivo das atividades que envolvem controle neuromuscular é integrar as sensações periféricas com relação às cargas sobre as articulações e processar esses sinais em respostas motoras coordenadas. Essa atividade muscular serve para proteger as estruturas articulares das tensões excessivas e para fornecer um mecanismo profilático à reincidência da lesão. As atividades que envolvem o controle neuromuscular destinam-se a complementar os protocolos tradicionais de reabilitação, que abrangem a modulação da dor e da inflamação, além de recuperar a flexibilidade, a força e a resistência.

O equilíbrio conclui mais uma das bases de atenção ao qual o processo de tratamento e reabilitação envolvem. Embora a manutenção do equilíbrio na posição em pé possa parecer uma habilidade motora bastante simples para atletas sadios, essa façanha não pode ser menosprezada em um atleta com disfunção musculoesquelética. Fraqueza muscular, alterações na acuidade proprioceptiva e na amplitude de movimento (ADM) podem desafiar a capacidade do atleta em manter seu centro de gravidade dentro da base de sustentação corporal, ou seja, podem fazer com que o individuo perca o equilíbrio.

O equilíbrio é o componente mais importante para seleção de estratégias de movimento em cadeia cinética fechada (posição na qual pelo menos um dos pés ou uma das mãos estão em contato com alguma superfície). A adoção de estratégias eficazes para a manutenção do equilíbrio é, portanto, essencial para o desempenho esportivo. Embora o equilíbrio seja freqüentemente considerado um processo estático, é, na verdade, um processo dinâmico que envolve vias neurológicas múltiplas. O termo equilíbrio postural refere-se ao alinhamento dos segmentos articulares necessário para manter o centro de gravidade dentro dos limites máximos da estabilidade.

Apesar de estar no fim da lista de objetivos relacionados com os exercícios terapêuticos, a manutenção do equilíbrio é um componente vital para a reabilitação de lesões articulares e não deve ser negligenciada. A reabilitação ortopédica sempre enfocou a mecânica articular isolada, como a melhora da ADM e da flexibilidade e o aumento da força e resistência muscular, e não as informações aferentes, obtidas pelas articulações, e que devem ser processadas pelo sistema de controle postural. Porém, mais recentemente, as pesquisas na área da propriocepção e sinestesia têm destacado a necessidade de treinar o sistema nervoso articular. O senso posicional articular, a propriocepção e a sinestesia são vitais para todas as atividades esportivas, mas especialmente para aquelas que requerem equilíbrio. Assim, os protocolos de reabilitação atuais concentram-se mais nos exercícios em cadeia cinética fechada, e o treinamento de equilíbrio está recebendo mais atenção na comunidade de medicina desportiva.

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