quinta-feira, 27 de maio de 2010

síndrome do coraçao de atleta




O coração e os vasos sanguineos assim como os músculos esqueléticos,são tecidos excitavéis que vivem sob constante adaptação conforme o trabalho que realizam.A hipertrofia cardíaca aos esforços fisícos intensos e regulares é algo muito bem documentado desde 1884 quando um médico inglês Dr.Bergman constatou que o coração de animais selvagens era muito maior do que o de animais domesticados da mesma espécie.A hipertrofia cardíaca não acontece isoladamente,com a pratica regular de atividade fisica intensa,uma série de adaptações ocorrem concomitantemente sobre o sistema cardiovascular.Adaptações que no caso dos atletas são extremamente acentuadas e caracterizam a chamada "síndrome do coração de atleta".
A primeira descriçao médica do "coraçao de atleta" foi feita por Henschen ,logo após a primeira olimpíada da era moderna,ainda em 1896,ao examinar corredores de esqui "cross-country" na neve.A síndrome(conjunto de sinais e sintomas)do coração de atleta é caracterizada por varias alterações fisiológicas e anatómicas,de carater benigno e reversível,que correspondem a adaptaçoes cronicas causadas pelo grande aumento do trabalho cardiovascular durante as sessões de treinamento físico.
O treinamento fisico predominante aerobio,quando intenso e prolongado,gera adaptações cardiovasculares tanto estruturais como funcionais.Este remodelamento cardiovascular,conhecido como 'síndrome do coração do atleta' representa alterações benignas que incluem aumento do volume das câmaras cardíacas ventriculares ,espessamento da parede ventricular,modificações no eletrocardiograma e melhores respostas arteriais as diversas necessidades do fluxo sanguineo.
Há aumento da força de contraçao com maior reserva cardíaca e maior aproveitamento do oxigénio mesmo em níveis máximos de trabalhos.O chamado"duplo produto"(frequência cardíaca x pressão sistólica),que indica o quanto esta sendo exigido do coração para determinado esforço,diminui nos esforços sub-máximos .Dessa forma,para mesma carga sub-máxima de esforço o coração de um atleta terá menores necessidades de oxigénio quando comparado a pessoas sedentárias ou menos treinadas.
Entre as varias adaptações do sistema cardiovascular com o treinamento físico vigoroso estão:menor frequência cardíaca em repouso e em exercícios sub-máximos,redução mais rápida da frequência cardíaca após o exercício ,maior débito cardiaco maximo (quantidade máxima de sangue ejetada pelos ventrículos por minuto),aumento da capacidade cardíaca para consumir oxigénio assim como o consumo máximo(VO2 máx),retorno venoso facilitado em exercício ,maior diminuiçao da resistencia periferica total(resistência dos vasos sanguíneos),redestribuiçao mais eficiente do fluxo sanguineo aumento das câmaras cardíacas e do espessamento de suas paredes (hipertrofia cardíaca).
Esportes de força como levantamentos de pesos e luta levam a um tipo de hipertrofia cardíaca mais voltada ao espessamento das paredes ,chamada hipertrofia concêntrica do coração.Esportes aerobios como a maratona ou ciclismo de longa distancia levam a outro tipo de hipertrofia cardíaca com ênfase no aumento das câmaras ventriculares,é a chamada hipertrofia excêntrica do coração.São todas adaptações benignas e ,portanto,reversiveis com a interrupção do esforço.Uma avaliação feitas em remadores durante um período de treinamento intenso mostrou um grande remodelamento cardiovascular tanto em relaçao ao aumento das camaras quanto ao da espessura das paredes cardiacas.A reavaliação após poucas semanas de interrupçao dos treinos mostrou significativa redução dessas medidas.
Pode-se concluir que a sindrome do coração de atleta é um conjunto de adaptações anatomicas e fisiológicas normais que ocorre em pessoas que realizam exercícios físicos intensos e de forma regular.Essas adaptações são normais nos atletas e possibilitam sua alta performance nos esportes

Estresse em atletas e praticantes de exercício físico


Este artigo pretende ,em um espaço conciso ,apresentar conceitos importantes e aspectos práticos do estresse associado a pratica de exercício,seja ele recreativo ou competitivo,mostrando como essas atividades podem tanto gerar como reduzir os níveis de estresse do individuo.
Os seres humanos apresentam propriedades auto reguladoras q visam manter seu estado de equilíbrio e assegurar o melhor nível de funcionamento possível do meio ambiente.Estresse foi o nome atribuído pelo endocrinologista Hans Selye ,nos anos 1930,há um conjunto de reaçoes fisicas e mentais que o organismo ativa automaticamente ao perceber a necessidade de se adaptar a condições adversas e desafios do ambiente.
Assim sempre que o individuo se depara com uma situação importante ,positiva ou negativa,essas reaçoes são desencadeadas.
Atualmente, o estresse é considerado a partir do chamado modelo quadrifasico.Esse modelo considera que existem quatro diferentes fases do estresse:(alerta,resistência,quase exaustão e exaustão) a fase de alerta ocorre assim que o organismo percebe a necessidade de adaptação e começa a colocar em pratica as reaçoes de estresse.Nessa fase o estresse tem a função de preparar o corpo para fazer frente aos novos desafios.
A fase de alerta do estresse costuma ter efeitos positivos sobre o funcionamento do individuo e pode ser considerada benéfica,principalmente em situações que exigem desempenho.Nesse momento,o organismo produz uma serie de mudanças hormonais liberando adrenalina e cortisol,responsáveis pelo aumento do animo,do figor e da energia,tornando o individuo mais concentrado produtivo e criativo e reduzindo a sua necessidade de descansar.
Entre tanto a reaçao de estresse foi moldada pela natureza para resolver problemas pontuais nosso corpo não esta preparado para permanecer em alerta por muito tempo e a manutenção dessas reaçoes acaba por gerar danos físicos e psicológicos ao organismo.(Quando o estimulo que desencadeou a reaçao de estresse se prolonga ,o organismo fica exessivamente ativado e temos a segunda fase do estresse:resistência.Nesse momento,os sintomas iniciais do estresse desaparecem,dando lugar a uma sensação de desgaste generalizado sem causa especifica e com dificuldade de memoria.O organismo encontra-se com maior desgaste,o que torna mais provável o aparecimento de problemas físicos e manifestações Psico sociais,como medo,isolamento social,dificuldade sexuais,oscilação do apetite,labilidade de humor,irritabilidade etc.
O funcionamento ideal do mecanismo de estresse é quando o individuo gerência a "fase de alerta" de modo eficiente,alternando entre estar em alerta e sair de alerta,como frequentemente acontece durante o exercício físico.O organismo precisa entrar em equilíbrio após uma permanência em alerta para que se recupere.
Nao há dano em entra de novo em alerta após a recuperação.Entretanto,quando o esforço que se tem que investir é muito grande para manter a situação sobre controle ,nosso organismo começa a se exaurir e se inicia a fase de quase exaustão,que se caracteriza por um enfraquecimento do individuo,que não mais conseguindo se adaptar ou resistir ao estressor.
A partir desse momento o estresse se torna negativo,uma vez que a pessoa ultrapassa seus limites e esgota sua capacidade de adaptação.Em função do longo tempo de ativaçao,o organismo fica destituído de nutrientes ,o sistema imunológico é prejudicado e a energia mental torna-se reduzida afetando negativamente produtividade ,capacidade de trabalho e qualidade de vida.Na fase de exaustão,quando mais tempo for mantido o estressse,mais avançada será a fase,mais danos serão sofridos pelo organismo e na maioria das vezes o individuo não consegue trabalhar nem se concentrar.
Uma questão importante a ser levantada e que vai determinar a ativaçao do mecanismo de estresse é a percepção por parte do individuo de uma situação como potencialmente desafiador.Nesse sentido o aparecimento do estresse será diretamente proporcional a interpretação que o individuo fara do tamanho da demanda do ambiente e da sua capacidade de lidar apropriadamente com a situação.As cognições (pensamentos,sentimentos,valores,crenças e atitudes)irão influenciar sua resposta comportamental.Assim quanto mais o sujeito perceber um determinado estimulo como desafiador e os seus recursos como insuficientes,maior será o nível de estresse.
As caracteristicas de personalidade e as crenças do sujeito sobre si mesmo e sobre o mundo tem papel fundamental tanto no aparecimento do estresse quanto na capacidade de o organismo manejar situações estressantes(em adendo as questões pessoais,algumas situações irão objetivamente demandar maior capacidade de adaptação de organismo por apresentarem grandes desafios.Outro fator relevante para o nível de estresse é o grau de importância dado pelo sujeito ao desfecho daquela situação.Assim,se eu tenho uma grande demanda que percebo como muito importante que seja bem solucionada,meus mecanismos de estresse serão automaticamente ativados.
O estresse pode ser controlado por meios de técnicas psicoterapicas mais especificamente na terapia cognitivo- comportamental,como restrutaraçao cognitiva e exercícios de relaxamento essas técnicas visam promover uma avaliação mais realista tanto do nível da demanda do ambiente e de sua importância quanto das capacidades do individuo,de modo a gerar apenas a ativaçao necessaria dos mecanismos de estresse potencializando seus efeitos positivos e impedindo seu prolongamento.
Alem desses recursos a evidencia que o exercício físico promove a liberaçao de betaendorfina,gerando sensação de conforto ,prazer,alegria e bem estar.O exercico físico tambem tem impacto comprovadamente positivo no tratamento e na prevençao da depressão e da ansiedade.Porisso,a pratica regular de exercicios é,atualmente,um dos pilares dos tratamentos psicologicos do controle do estresse.
Apesar dos efeitos beneficos do exercicio sobre o estresse,paradoxalmente em situaçoes de competiçoes,ou mesmo quando o individuo apenas tem expectativas perfeccionista quanto ao seu desempenho,esse pode se tornar um fator desencadeante do estresse,atletas profissionais ou mesmos praticantes de exercicios que sao muitos auto exigentes,podem interpretar esta pratica,como uma situaçao desafiadora,com auto grau de importancia e ,portanto,estressante.
Nao é raro observarmos queda significativa de desempenho de atletas profissionais em situaçoes de competiçoes,principalmente em eventos importantes como as olimpiadas,o que é popularmente denominado"amarelar".Nesse momento,o nivrl de estresse pode ser tao elevado que prejidica as funcoes cognitivas e fisicas dos atletas,afetando sua performance.Niveis altos de autoexigencia podem levar nao só ao estresse,mas tambem a uma serie de comportamentos potencialmente danosos ao organismo,como excesso de treinamento,uso de substancias ergogenicas e problemas alimentares.
Restrições alimentares graves e escesso de exercicio fisico podem denotar tambem um quadro que tem se tornado cada vez mais comum:a preocupacao exagerada com a auto imagem.Em transtornos alimentares como a bulimia nervosa,em que o individuo ingere grandes quantidades de alimentos e sente posteriormente necessidade de compensar as calorias ingeridas para evitar o ganho de peso,podem ocorrer abusos na pratica de exercicos fisicos como forma de se livrar das calorias adquiridas no episodio de compulsao alimentar,com potenciais consequencias osteoarticulares.O paciente que usa o exercicio fisico como forma de compensaçao é mais dificilmente diagnosticado como portador de um transtorno alimentar exetamente por que os medicos ainda nao estao familiarizados com esses novos padroes.
Outra condiçao ainda pouco diagnosticada é a dismorfia muscular,ou vigorexia,em que o individuo,mais comumente do sexo masculino apresenta transtorno de distorçao da autoimagem corporal,que o leva a perceber seus musculos como atrofiados e poucos desenvolvidos apesar de apresentar grande hipertrofia muscular.Esse transtorno gera auto grau de estresse e sofrimento psiquico,uma vez que o exercicio passa a ser visto como a unica maneira de corrigir um grave defeito corporal e a ser ,portanto,praticado de maneira compulsiva e a despeito dos possiveis riscos para a saude.
Com tudo nao é necessario que o individuo preencha criterios para um desses transtornos para que esteja em risco de ter estresse apartir de sua atividade fisica.Em menor grau,individuos saudaveis tambem expectativa de desempenho distorcidas que os levem ao excesso de exercicio e a ansiedade relacionada com sua pratica.Muitas mulheres sem transtornos alimentar usam o exercicio como compensaçao para episodios alimentares percebidos como excessivos,experimentando uma serie de sentimentos negativos,como culpa e angustia.Por outro lado atletas amadores tambem podem ter metas exageradas,visto que vao se percebendo como capazes de realizar determinada atividade;é o que acontece com corredores que passam a se submeter a intensas preparaçoes para percorrer distancias cada vez maiores em menor tempo,muitas vezes com expectativas ireais de performace.
Nesse sentido,apesar de o exercicio fisico ser potente aliado da psicoterapia no combate ao estresse é importante atentar para as situaçoes em que esse passa a ser um fator desencadeante.
Tais individuos poderao estar em grave sofrimento psicologico e ter um risco significativamente maior de desenvolver doenças fisicas,apesar de estarem praticando uma atividade aparentemente saudavel.Assim, é essencial que os profissionais de saude tenham visao integral de seus pacientes,de modo a entender quais fatores contribuem para o aparecimento e a manutençao dos sintomas de estresse e podem determinar a melhor estrategia de tratamento.

sábado, 22 de maio de 2010

fisioterapia esportiva no Brasil



A fisioterapia capacita o ser humano a se recuperar de seqüelas adquiridas por doenças e traumas, tanto após uma cirurgia quanto um traumatismo.

O objetivo principal da fisioterapia desportiva é devolver o atleta a sua prática esportiva o mais breve possível dentro dos limites fisiológicos após uma lesão. O conhecimento das propriedades fisiológicas de cada fase é extremamente importante para o fisioterapeuta realizar um melhor diagnóstico e assim poder direcionar o tratamento a ser executado em todo e qualquer tipo de lesão. Isto serve como base para a melhor compreensão dos processos patológicos e assim indicar e utilizar as melhores ferramentas para o tratamento.

Em qualquer lesão, ocorrem eventos fisiológicos específicos em resposta ao traumatismo. Cabe ao fisioterapeuta reduzir a gravidade desses efeitos fisiológicos, otimizar o tempo de cicatrização e devolver o atleta à competição o mais cedo possível sem comprometer seu bem-estar.

Os objetivos principais e/ou rotineiros, de um programa de fisioterapia incluem:

• melhora do quadro sintomatológico;

• aceleração cicatricial;

• melhorar mobilidade articular;

• ganho de ADM;

• melhorar resistência muscular;

• restabelecer a propriocepção;

• retorno aos esportes.

O uso de várias modalidades pode ser essencial no controle e na redução dessas respostas, permitindo ao atleta iniciar precocemente os exercícios de amplitude de movimento e de fortalecimento.

O uso dos protocolos de reabilitação preestabelecidos como diretrizes para a progressão do atleta através do programo de reabilitação pode ser valioso. Os protocolos deverão fundamentar-se em princípios derivados da pesquisa sobre o tempo de cicatrização e cinemática articular. Entretanto, os protocolos de reabilitação são apenas diretrizes e os indivíduos toleram a dor diferentemente e cicatrizam com ritmos variáveis. O avanço da reabilitação no atleta deverá basear-se na avaliação diária do fisioterapeuta quanto aos relatos subjetivos e achados objetivos. A progressão de uma fase para outra somente deverá ocorrer depois que o atleta alcançou os objetivos esboçados na fase atual.

Um dos mais graves problemas do atleta e do esportista de uma maneira geral é o seu retorno tardio e o medo de reiniciar sua atividade esportiva. Com isso, a fisioterapia desempenha cada vez mais um papel importante para a autoconfiança do atleta em retornar ao esporte de forma rápida e segura, sem riscos de novas lesões; uma vez que o treinamento do gesto esportivo incorpora-se ao tratamento na fase final, onde o atleta juntamente com o fisioterapeuta e o treinador entram em acordo com relação às atividades propostas.

O tratamento fisioterápico tem evoluído muito nos últimos anos, a fisioterapia esportiva vem ganhando destaque com a 'explosão' de grandes atletas que contam a cada dia com mais tecnologia e avanços na área médica. As intervenções iniciais, as diversas fases de recuperação e um bom treino proprioceptivo são “a chave da vitória” no quadro esportivo. Um exemplo conhecido foi a lesão capaz de afastar “para sempre” o fenômeno sagrado do futebol, Ronaldo, que felizmente teve seu retorno brilhante graças à fisioterapia e sua disciplina de treinamento.

Antes de iniciar um programa de reabilitação, o fisioterapeuta, o técnico e o atleta deverão elaborar um conjunto de objetivos a curto, médio e em longo prazo baseados na lesão do atleta ou no procedimento cirúrgico realizado e na necessidade da competição.

Reforça-se desse modo, a importância da participação do profissional de fisioterapia em equipes multi-profissionais de treinamento esportivo, o diagnóstico precoce das alterações posturais e a adoção de medidas profiláticas efetivas podem prevenir a ocorrência de lesões desportivas, bem como, contribuir para o aumento da performance do atleta.

A Fisioterapia esportiva trabalha com um programa individualizado e dinâmico de exercícios prescritos para prevenir ou reverter às seqüelas, combinando exercício e as modalidades terapêuticas com a finalidade de restaurar os atletas ao seu nível normal de atividade. A reabilitação esportiva não inclui apenas a restauração completa do desempenho irrestrito, mas se esforça também para um nível de condicionamento maior do que o nível que o atleta possuía antes da lesão.

Nos últimos anos, na área das ciências do esporte na qual a Fisioterapia hoje ostenta inegável posição de destaque, foram responsáveis por uma intensa produção científica na qual o Treinamento e a Reabilitação Excêntrica aplicados à maioria das modalidades esportivas foram temas amplamente pesquisados e esmiuçados, atualmente sendo concebidos como peças fundamentais e imprescindíveis a qualquer programa otimizado de reabilitação e recondicionamento muscular cientificamente embasado.

Os recursos fisioterápicos usados são inúmeros: Crioterapia, Hidroterapia, Eletroterapia, Laserterapia, Termoterapia, Mecanoterapia, Cinesioterapia, Compressão Intermitente, Massoterapia, Treinamento Isocinético, Reavaliação e avaliação do plano de tratamento.

segredos da reabilitaçao do atleta

Os segredos da reabilitação de um atleta! O mundo do esporte atualmente vem se profissionalizando cada vez mais, e a fisioterapia esportiva segue este cenário evolutivo. Muitos se perguntam como um atleta que faz, por exemplo, uma artroscopia hoje, em 10 dias já está retornando. Bem, para quem é leigo isto realmente soa como um verdadeiro milagre, porém isto é o resultado de muito trabalho e dedicação de ambas as partes: profissional e paciente.



O atleta certamente é cercado de algumas vantagens que nós no dia-a-dia não possuímos. Ele dispõe de suporte fisioterapêutico em 3 turnos de tratamento diários (dependendo do caso até mais); os recursos do fisioterapeuta no esporte geralmente são amplos, ou seja, na maioria dos casos temos a nossa disposição salas de musculação - piscina - equipamentos eletroterápicos de última geração - análises laboratoriais fisiológicas e biomecânicas - caixa de areia - dentre outros. Sendo assim cabe ao profissional de fisioterapia planejar o processo de reabilitação o mais adequado possível, respeitando todas as fases de tratamento mas sempre ciente de que um esportista reúne características físicas diferenciadas. Deve fazer parte do processo de reabilitação aspectos motivacionais afim de encorajar o paciente a vencer suas limitações momentâneas, isto faz com que o mesmo esteja cada vez mais envolvido com o sucesso da recuperação. Respeito e dedicação aliados ao amplo conhecimento técnico são os segredos da fisioterapia esportiva para vencer os grandiosos desafios da profissão!

quarta-feira, 19 de maio de 2010

como evitar as lesoes


COMO PREVINIR AS LESÕES

As lesões podem ocorrer por fatores intrínsecos ou extrínsecos, por microlesões musculares cumulativas, por uso excessivo de um mesmo movimento, por má postura ao longo dos anos, e outros fatores predisponentes, como:

- fatores intrínsecos: desvios posturais; desequilíbrio na força muscular; falta ou excesso de arco de movimento articular; déficit no equilíbrio estático, semidinâmico ou dinâmico; morfologia constitucional (características ósseas individuais); gestual motor com mecânica incorreta; e idade.
- fatores extrínsecos: superfície de treinamento; calçados; equipamentos; métodos de treinamento. Sobrecarga excessiva no volume e/ou na intensidade.

Existem cinco campos de atuação quando o assunto é lesão, e cada campo pode ser ocupado por diferentes profissionais. O profissional de educação física atua no campo da prevenção, que é o primeiro; o fisioterapeuta desportivo, e o professor de educação física que tenha conhecimentos da fisioterapia, assim como o médico ortopedista, que atuam no segundo campo, que é a intervenção imediata após a lesão; o fisioterapeuta atua no terceiro e quarto campo, o de ação curativa e a reintegração do atleta as atividades físicas, respectivamente; e o fisioterapeuta e o professor de educação física irão atuar no ultimo campo, que é o retorno às atividades físicas diárias e as competições.

Para evitar as lesões, deve-se adotar medidas preventivas durante o treinamento. Tais medidas incluem treinar visando aumentar a força muscular, assim como a resistência e a potência muscular; o equilíbrio, tanto estático, quanto o semidinâmico e o dinâmico; o controle neuromuscular; o a flexibilidade, que ainda é um assunto muito controverso, pois a maioria dos profissionais (professores de Educação Física e fisioterapeutas esportivos) concordam que a boa flexibilidade é essencial para o sucesso no desempenho físico, embora suas idéias baseiem-se primariamente na observação, em vez de pesquisas cientificas. Do mesmo modo, esses profissionais acreditam que a manutenção da boa flexibilidade é importante na prevenção da lesão na unidade músculotendinosa e, geralmente, insistem em incluir os exercícios de alongamento como parte do aquecimento, antes de atividades extenuantes, o que pode aumentar o risco de lesão. No entanto, não existem evidências cientificas que comprovem essa hipótese.

A flexibilidade é específica para determinada articulação ou movimento. Uma pessoa pode ter boa amplitude de movimento nos tornozelos, joelhos, quadris e coluna lombar, e em uma outra articulação não ter o movimento normal, o que poderia acarretar riscos de lesões, se esse individuo praticar exercícios que envolvam essa articulação. Esse é um problema que precisa ser corrigido para que a pessoa possa apresentar uma função normal da articulação no que diz respeito à flexibilidade.

Outro fato que deve ser observado é quanto à forma de treinamento, para que este não aconteça de maneira inadequada, tanto quanto ao seu volume, quanto a sua intensidade, devendo haver uma periodização do treinamento para que não haja problemas do tipo: overtraining ou a síndrome de overuse. Assim como também devemos atentar muito para a forma de execução das atividades, para que o uso abusivo de um gestual motor incorreto não gere lesões.


COMPREENDENDO O PROCESSO DE RECUPERAÇÃO

Os programas de reabilitação devem basear-se na duração do processo de recuperação. O fisioterapeuta deve conhecer profundamente a seqüência das várias fases desse processo. As respostas fisiológicas dos tecidos ao trauma seguem uma seqüência e ocorrem em um período de tempo previsível. Decisões sobre quando e como alterar o processo do programa de reabilitação devem basear-se no reconhecimento dos sinais e sintomas, assim como na fase em que o processo de recuperação se encontra.

O processo de recuperação é constituído pelas fases de resposta inflamatória, reparo fibroblástico e maturação-remodelação. Deve-se salientar que, embora essas fases sejam apresentadas como três entidades distintas, o processo de recuperação é uma série contínua. Elas sobrepõem-se umas às outras e não apresentam pontos definidos de início e conclusão.

Depois que o tecido é lesado, inicia-se imediatamente o processo de recuperação. A destruição do tecido produz lesão direta nas células de vários tecidos moles. A lesão celular leva a uma alteração metabólica e à liberação de matérias que iniciam a resposta inflamatória. Caracteriza-se sintomaticamente por vermelhidão, edema, dor à palpação e aumento de temperatura. Essa fase inflamatória inicial é critica para todo o processo de recuperação. Caso essa resposta não realize o que se espera dela ou, caso não ceda, a recuperação normal não ocorre.

A inflamação é o processo pelo qual leucócitos e outras células fagocitárias e exudatos são levados ao tecido lesado. Essa reação celular é geralmente protetora e tende a localizar ou desfazer-se dos subprodutos da lesão (por exemplo, sangue e células danificadas) através da fagocitose, estabelecendo assim um cenário para o reparo. Nessa fase, ocorrem efeitos vasculares locais, distúrbios na troca de fluídos e migração de leucócitos do sangue para os tecidos.

Deve-se diferenciar a resposta inflamatória aguda, conforme descrito acima, e a inflamação crônica. A inflamação crônica ocorre quando a resposta inflamatória aguda não elimina o agente causador da lesão e não restaura o tecido à sua condição fisiológica normal. A inflamação crônica envolve a substituição de leucócitos por macrófagos, linfócitos e células de plasma. Essas células acumulam-se em uma matriz de tecido conectivo frouxo, altamente vascularizado e inervado na área da lesão.

Os mecanismos específicos que convertem uma resposta inflamatória aguda em uma resposta inflamatória crônica são até hoje desconhecidos. Entretanto, parecem estar relacionados com situações que envolvem o overuse ou sobrecarga em virtude de microtraumas cumulativos em uma estrutura específica. Do mesmo modo, não existe um prazo de tempo específico no qual a inflamação deixa de ser aguda para se tornar crônica. Parece que a inflamação crônica é resistente tanto ao tratamento físico como ao farmacológico.


QUAL O TRATAMENTO PARA LESÕES E A QUEM DEVEMOS PROCURAR

A abordagem da reabilitação é consideravelmente diferente no cenário da medicina esportiva se comparada à maioria dos outros cenários de reabilitação. A natureza dos praticantes de atividades físicas traz a necessidade de uma abordagem agressiva na reabilitação. O objetivo é retornar à atividade, com segurança, o mais cedo possível.

Felizmente, poucas são as lesões no cenário esportivo que oferecem risco de vida. A maioria das lesões não é grave e permite uma reabilitação rápida. Quando ocorrem lesões, atenção do fisioterapeuta esportivo transfere-se da prevenção para o tratamento e a reabilitação. No cenário da medicina esportiva o fisioterapeuta assume, geralmente, a responsabilidade primária pela criação, implementação e supervisão do programa de reabilitação para o individuo lesado. Uma vez que este individuo tenha passado por um médico, na maioria dos casos, um ortopedista, e este tenha diagnosticado com precisão o tipo de lesão a qual deve ser tratada.

As decisões sobre quando e como alterar ou avançar no programa de reabilitação devem basear-se no processo de recuperação da lesão. O fisioterapeuta, responsável pela supervisão do programa de tratamento e reabilitação, precisa ter a mais completa compreensão da lesão, inclusive como ela ocorreu, quais as principais estruturas anatômicas afetadas, o grau ou classificação do trauma e o estágio ou fase de recuperação da lesão. Assim como também deve ter compreensão profunda da seqüência e da duração das diversas fases da recuperação e deve saber que determinados eventos fisiológicos precisam ocorrer durante cada uma delas.

O objetivo principal do fisioterapeuta é possibilitar que o individuo possa retornar as atividades normais, com segurança e rapidez. E para que isso aconteça é necessário passar por vários componentes básicos do programa de reabilitação. Esses componentes também podem ser considerados como objetivos a curto prazo, e devem incluir: prestar os primeiros socorros adequados e imediatamente após a lesão para limitar ou controlar o edema; reduzir ou minimizar a dor; restaurar a amplitude total de movimento; restaurar e aumentar a força, resistência e potencia muscular; restabelecer o controle neuromuscular; melhorar o equilíbrio; manter a capacidade cardiorespiratória; e incorporar progressões funcionais adequadas.

Quando uma articulação ou outra estrutura anatômica são prejudicadas por uma lesão, a biomecânica normal é comprometida. Ocorrem mudanças adaptativas que alteram a maneira pela qual várias forças atuam coletivamente sobre aquela articulação para produzir o movimento. Portanto, a biomecânica do movimento articular é modificada como resultado da lesão.


A melhora, ou a restauração, da amplitude de movimento é um objetivo importante em qualquer programa de reabilitação. Algumas atividades esportivas requerem níveis relativamente “normais” de flexibilidade, porém, algumas outras atividades exigem flexibilidade acima da média. O atleta com amplitude de movimento restrita tem, provavelmente, suas capacidades de desempenho diminuídas. A falta de flexibilidade também pode resultar em padrões de movimento descoordenados ou inadequados.

O desenvolvimento da força, resistência e potencia muscular é um componente essencial de qualquer programa de treinamento e condicionamento físico para atletas e praticantes de atividades físicas. Do ponto de vista do fisioterapeuta esportivo que supervisiona o programa de reabilitação, recuperar e, em muitos casos, melhorar os níveis de força, resistência e potência é primordial não só para conquistar um nível de condicionamento ótimo, mas também para fazer com que o indivíduo volte a um nível funcional após a lesão.

O restabelecimento do controle neuromuscular é um componente primordial para a reabilitação de articulação patológicas. O objetivo das atividades que envolvem controle neuromuscular é integrar as sensações periféricas com relação às cargas sobre as articulações e processar esses sinais em respostas motoras coordenadas. Essa atividade muscular serve para proteger as estruturas articulares das tensões excessivas e para fornecer um mecanismo profilático à reincidência da lesão. As atividades que envolvem o controle neuromuscular destinam-se a complementar os protocolos tradicionais de reabilitação, que abrangem a modulação da dor e da inflamação, além de recuperar a flexibilidade, a força e a resistência.

O equilíbrio conclui mais uma das bases de atenção ao qual o processo de tratamento e reabilitação envolvem. Embora a manutenção do equilíbrio na posição em pé possa parecer uma habilidade motora bastante simples para atletas sadios, essa façanha não pode ser menosprezada em um atleta com disfunção musculoesquelética. Fraqueza muscular, alterações na acuidade proprioceptiva e na amplitude de movimento (ADM) podem desafiar a capacidade do atleta em manter seu centro de gravidade dentro da base de sustentação corporal, ou seja, podem fazer com que o individuo perca o equilíbrio.

O equilíbrio é o componente mais importante para seleção de estratégias de movimento em cadeia cinética fechada (posição na qual pelo menos um dos pés ou uma das mãos estão em contato com alguma superfície). A adoção de estratégias eficazes para a manutenção do equilíbrio é, portanto, essencial para o desempenho esportivo. Embora o equilíbrio seja freqüentemente considerado um processo estático, é, na verdade, um processo dinâmico que envolve vias neurológicas múltiplas. O termo equilíbrio postural refere-se ao alinhamento dos segmentos articulares necessário para manter o centro de gravidade dentro dos limites máximos da estabilidade.

Apesar de estar no fim da lista de objetivos relacionados com os exercícios terapêuticos, a manutenção do equilíbrio é um componente vital para a reabilitação de lesões articulares e não deve ser negligenciada. A reabilitação ortopédica sempre enfocou a mecânica articular isolada, como a melhora da ADM e da flexibilidade e o aumento da força e resistência muscular, e não as informações aferentes, obtidas pelas articulações, e que devem ser processadas pelo sistema de controle postural. Porém, mais recentemente, as pesquisas na área da propriocepção e sinestesia têm destacado a necessidade de treinar o sistema nervoso articular. O senso posicional articular, a propriocepção e a sinestesia são vitais para todas as atividades esportivas, mas especialmente para aquelas que requerem equilíbrio. Assim, os protocolos de reabilitação atuais concentram-se mais nos exercícios em cadeia cinética fechada, e o treinamento de equilíbrio está recebendo mais atenção na comunidade de medicina desportiva.

entendendo as lesoes



A lesão é caracterizada por uma alteração ou deformidade tecidual diferente do estado normal do tecido, que pode atingir vários níveis de tecidos, assim como os mais variados tipos de células. As lesões ocorrem em função de um desequilíbrio fisiológico ou mecânico, por trauma direto ou indireto, por uso excessivo de um determinado gesto motor, ou até por gestual motor realizado de forma incorreta.

No caso da população atlética, as lesões envolvem mais comumente o sistema musculoesquelético e, mais raramente o sistema nervoso. As lesões primárias são quase sempre descritas na medicina esportiva como sendo de natureza crônica ou aguda, resultantes de forças macrotraumáticas ou microtraumáticas. As lesões classificadas como microtraumáticas ocorrem em decorrência do trauma agudo e produzem dor e incapacidade imediatas. As lesões macrotraumáticas incluem fraturas, luxações, subluxações, entorses, distensões e contusões. As lesões microtraumáticas são geralmente denominadas lesões por excesso de uso (overuse) e são resultantes da sobrecarga repetitiva ou de uma mecânica gestual motora incorreta, relacionada ao treinamento contínuo ou à competição. As lesões microtraumáticas incluem tendinite, tenossinovite, bursite, etc. A lesão secundária é, essencialmente, a resposta inflamatória ou hipóxia secundária que ocorre em razão da lesão primária.


TIPOS DE LESÕES E OS TECIDOS MAIS LESIONADOS

As lesões podem ser ósseas, musculares, ligamentares ou articulares. As lesões podem ser internas e/ou externas; causadas por trauma direto ou indireto. Vejamos a seguir algumas das lesões mais comuns no esporte e os tecidos mais afetados por essas determinadas lesões.

As lesões ligamentares são comumente relacionadas ao entorse ligamentar. Um entorse envolve dano a um ligamento que fornece suporte a uma articulação. O ligamento é uma faixa de tecido rígido, relativamente inelástico, que liga um osso a outro. Os ligamentos podem ser espessamentos da cápsula articular como também podem ser faixas totalmente separadas da cápsula. Os ligamentos são formados por tecido conectivo denso, disposto em feixes paralelos de colágeno compostos por fileiras de fibroblastos. Embora os feixes estejam dispostos em paralelo, isso não ocorre a todas as fibras colágenas.

Sua função primária é tripla: proporcionar estabilidade a uma articulação, controlar a posição de um osso em relação a outro durante o movimento articular normal e fornecer informação proprioceptiva ou o senso posicional articular das terminações nervosas livres ou dos mecanoreceptores localizados no ligamento.

Os ligamentos e os tendões são muito semelhantes em sua estrutura. Porém, os ligamentos são geralmente mais achatados do que os tendões; e as fibras colágenas no ligamento são mais compactas. O posicionamento anatômico dos ligamentos determina, parcialmente, os movimentos que podem ser feitos por uma articulação.

Se estresses forem aplicados a uma articulação que forcem o movimento além de seus limites ou planos de movimento normais, é provável que ocorra lesão ao ligamento. A gravidade do dano ao ligamento é classificada de diferentes maneiras; entretanto, o sistema mais comumente usado envolve três classes (graus) de entorse ligamentares:

Entorse de 1º Grau: Existe algum estiramento ou talvez ruptura das fibras ligamentares, com pouca ou nenhuma instabilidade articular. Dor branda, pouco edema e rigidez articular podem ser observados.
Entorse de 2º Grau: Existe certa ruptura e separação das fibras ligamentares e instabilidade moderada da articulação. Dor de moderada a aguda; edema e rigidez articular devem ser esperados.
Entorse de 3º Grau: Existe ruptura total do ligamento, manifestada primariamente por grande instabilidade articular. Pode haver dor aguda no início, seguida por pouca ou nenhuma dor, devido à ruptura total das fibras nervosas. O edema pode ser volumoso e, desse modo, a articulação tende a tornar-se muito rígida algumas horas após a lesão. Um entorse de terceiro grau com instabilidade acentuada geralmente requer alguma forma de imobilização durante várias semanas. A força que produz a lesão ligamentar costuma ser tão grande que outras estruturas ligamentares ao redor da articulação também podem ser lesadas. Em casos nos quais ocorre lesão em múltiplas estruturas articulares o reparo cirúrgico ou a reconstrução podem ser necessários para corrigir a instabilidade.

As lesões ósseas são caracterizadas geralmente por fraturas, que são lesões extremamente comuns entre a população atlética. Podem ser classificadas, de modo geral, como aberta ou fechadas. A fratura fechada envolve pouco ou nenhum deslocamento dos ossos e, portanto, pouca ou nenhuma ruptura do tecido mole. A fratura aberta, por outro lado, envolve deslocamento suficiente das extremidades fraturadas para que o osso rompa de fato as camadas cutâneas e abra caminho para a pele. Ambas as fraturas podem ser relativamente graves se não forem tratadas adequadamente. No entanto existe maior possibilidade de infecção em uma fratura aberta. As fraturas são consideradas completas quando o osso é quebrado em no mínimo dois fragmentos; são denominadas incompletas, quando não se estendem completamente pelo osso.

Dentre as diferentes fraturas que podem ocorrer estão as em galho verde, transversas, oblíquas, espirais, cominutivas, por compressão, por avulsão e por estresse.

As lesões articulares são muito relacionadas a danos à cartilagem. A osteoartrose é um distúrbio degenerativo do osso é da cartilagem na articulação e em torna dela. A artrite deve ser definida basicamente como um distúrbio inflamatório com possível destruição secundária. A artrose é um processo degenerativo com destruição da cartilagem, remodelação do osso e possíveis componentes inflamatórios secundários.

A osteofitose ocorre quando um osso procura aumentar sua área de superfície para diminuir as forças de contato. Normalmente, as pessoas descrevem esse crescimento como “esporões ósseos” ou “bico de papagaio”. A condromalacia é a transformação não progressiva da cartilagem, com superfícies irregulares e de áreas de amolecimento.

Outros tipos de lesões que envolvem as articulações são a luxação e a subluxação, que são, respectivamente, o afastamento de duas superfícies articulares, mantendo-se afastadas no primeiro caso, e voltando a posição inicial no segundo.

Em atletas e praticantes de atividades físicas regulares, algumas articulações podem ser mais suscetíveis a uma resposta parecida com a osteoartrose. A proporção do peso corporal em repouso sobre a articulação, a distensão da unidade musculotendinosa e qualquer força externa importante aplicada sobre a articulação são fatores de predisposição. Uma mecânica articular alterada, causada por frouxidão ou por traumas anteriores, são também fatores a serem considerados.

As lesões musculares são classificadas: quanto à ação, que pode ser direta (mais comum em esportes de contato), ou indireta (comuns em esportes individuais); quanto à funcionalidade, que podem ser parciais, onde o músculo perde força mais ainda consegue se contrair, ou podem ser totais, quando a mobilidade articular e força muscular, podem ser nulas, ou seja, o músculo não se contrai mais; e, quanto ao agente agressor, que pode ser traumática, exemplos, estiramento ou distensão (quando uma unidade musculotendinea é excessivamente estirada ou forçada a se contrair contra uma resistência excessiva, excedendo seus limites de extensibilidade ou capacidade tênsil); contusão (é uma lesão por compressão, causada por trauma direto que resulta em ruptura capilar, sangramento e resposta inflamatória); e laceração (onde há perda do tecido muscular); ou podem ser não-traumáticas, tipo cãibra (dor gerada por motivos ainda não esclarecidos cientificamente, que diminui a capacidade funcional da musculatura gerando dor, espasmo e perda de força) e dor muscular tardia (dor resultante de um exercício intenso ou realizado pela primeira vez, que gera um ruptura tecidual, gerando microlesões nas fibras musculares e desencadeia um processo inflamatório, causando a dor muscular).

As causas mais comuns das lesões musculares são: excesso de treinamento; falta de controle nas tensões de exercícios e alongamentos; gestual motor (técnica) indevido nos exercícios e alongamentos; carência de exercícios de alongamento compensatórios após os exercícios físicos; excesso de força e insuficiência de flexibilidade, ou fraqueza com muita flexibilidade; excesso de exercícios, tanto de força quanto de alongamento, em músculos fracos, particularmente naqueles que suportam estruturas de apoio; excesso de exercícios de força isoladamente em grupos musculares com encurtamento; dispensa de aquecimento antes do treinamento e retorno ao treinamento antes da cura total de uma lesão.

Conseqüência das lesões Musculares

As lesões danificam a estrutura do retículo sarcoplasmático (endomísio, perimísio e epimísio), fáscias e tendões; são estas estruturas que compõem o interior dos músculos, assim como seus revestimentos e suas junções com os ossos. As lesões rompem o retículo sarcoplasmático interferindo no metabolismo do cálcio, que é responsável pela contração muscular.

As lesões diminuem a capacidade de contração muscular devido à degradação de proteína. Assim como também diminuem a capacidade de relaxamento e alongamento das fibras musculares por ocasionar espasmos dos músculos tônicos.

As lesões provocam dor muscular tardia, rigidez e desconforto. As lesões do sistema muscular podem afetar a propriocepção neuromuscular de uma área produzindo danos funcionais ao invés de danos estruturais. A estrutura pode estar intacta numa avaliação estática, mas com disfunção nos movimentos.


OVERTRAINING E AS LESÕES (OVERUSE)

A síndrome de supertreinamento (overtraining) representa muito mais que a simples incapacidade a curto prazo de treinar com a mesma intensidade habitual ou uma ligeira queda no desempenho em nível de competição. Pelo contrário, envolve fadiga crônica experimentada durante as sessões de exercícios e nos períodos subseqüentes de recuperação.

Entre os diversos sintomas que o excesso de treinamento apresenta, estão as infecções freqüentes, taxações de fadiga persistentemente altas, funções imunes alteradas (deficientes), alterações agudas e crônicas nas respostas dos processos inflamatórios. Ou seja, vários fatores que predispõe um indivíduo a lesões, principalmente as lesões funcionais.

As lesões corporais (musculares, ósseas, articulares e ligamentares) ocorrem com mais freqüência no estado de supertreinamento, devido a um estresse maior destas regiões por uso excessivo. E talvez, também, por períodos de recuperação inadequados. A participação em treinamentos adequados e eficientes, a alimentação e o repouso apropriados podem minimizar os efeitos potencialmente negativos do excesso de treinamento.

Entre todos os problemas causados por overuse (excesso de uso) e relacionados à atividade física, a tendinite é o mais comum. Tendinite é um termo abrangente que pode descrever muitos distúrbios patológicos diferentes de um tendão. Trata-se, essencialmente, de qualquer resposta inflamatória dentro do tendão, sem inflamação do paratendão. Durante a atividade muscular, o tendão deve mover-se ou deslizar sobre outras estruturas ao seu redor sempre que o músculo se contrair. Caso um movimento específico seja realizado repetidamente, o tendão fica irritado e inflamado. Essa inflamação manifesta-se pela dor durante o movimento, por edema, possivelmente algum aquecimento e geralmente crepitação (estalido semelhante ao som produzido por esfregar o cabelo sobre os dedos próximos à orelha).

O segredo para tratar a tendinite, assim como qualquer processo de overuse, é o repouso. Caso o movimento repetitivo que causa irritação ao tendão seja eliminado, as chances são de que o processo inflamatório permita que o tendão se recupere. Medicamentos antiinflamatórios e modalidades terapêuticas também ajudam na recuperação da resposta inflamatória.


TIPOS DE LESÕES MAIS COMUNS RELACIONADAS AOS SEGMENTOS CORPORAIS


OMBRO

Qualquer estudo relacionado ao ombro deve fundamentar-se no fato de que se está tratando de duas estruturas anatômicas distintas: a cintura escapular e a articulação do ombro. A cintura escapular consiste dos ossos da clavícula e da escápula, e a articulação do ombro é formado pelos ossos da escapulo e do úmero.

A articulação do ombro é uma região muito suscetível a lesões por esporte, isto acontece devido a sua organização anatômica e a quantidade de movimentos realizados sobre essa articulação. Entre as lesões mais comuns nesta articulação destacamos as:

- entorses da articulação esternoclavicular
- entorses da articulação acromioclavicular
- luxações/ instabilidades glenoumerais
- síndrome do impacto do ombro
- tendinite e rupturas do manguito rotador

COTOVELO E ANTEBRAÇO

O cotovelo e o antebraço são compostos por três ossos: o úmero, a ulna e o rádio. Juntos , eles formam quatro articulações, três na extremidade proximal do antebraço (umeroradial, umeroulnar e radiulnar proximal) e uma na extremidade distal do antebraço (radiulnar distal). O úmero, a ulna e o rádio se encontram para formar a estrutura comumente conhecida como cotovelo; a ulna e o rádio formam o antebraço. A extremidade distal do úmero fornece os encaixes ósseos para os tecido moles que ligam o braço ao antebraço, formando a articulação do cotovelo.

Dentre as lesões mais comuns nestas estruturas podemos citar:

- fraturas do cotovelo
- lesões no ligamento colateral ulnar
- compressão nervosa
- luxações do cotovelo
- epicondilite medial e lateral

PUNHO E MÃO

O punho e a mão são estruturas complexas formadas por vários ossos, ligamentos, articulações e músculos. E entre as lesões que mais acometem estas estruturas devido a treinamento físico e os desportos estão:

- síndrome do túnel do carpo
- luxação das articulações dos dedos

QUADRIL, VIRILHA E COXA

Qualquer discussão a respeito do quadril deve incluir os ossos da pelve e da coxa e os músculos da coxa, bem como os ligamentos e os músculos do quadril. Lembrando que vários dos músculos que atravessam a articulação do quadril também atravessam a articulação do joelho. Assim as várias lesões que acometem estas estruturas devem ser analisadas minuciosamente a fim de descobrir o real local da lesão. E entre as lesões mais comuns estão:

- contusão da crista ilíaca
- síndrome do piriforme (ciática)
- bursite trocantérica
- bursite isquiática
- bursite iliopectínea
- síndrome de estalido do quadril
- distensões do flexor da virilha e do quadril
- luxação do quadril
- distensão dos isquiotibiais
- fraturas por estresse do fêmur
- distensão do quadríceps
- contusão do quadríceps
- miosite ossificante

JOELHO

A articulação do joelho é a maior do corpo. Uniaxial e sinovial, geralmente chamada de articulação dobradiça. Na realidade, a articulação do joelho não é uma verdadeira articulação dobradiça e sim uma articulação modificada, pelo fato da a tíbia (osso distal) deslizar ao redor da extremidade distal do fêmur (osso proximal). O movimento se desenvolve em um único plano (sagital), sobre um eixo mutante. Em cada grau de movimento, no plano sagital, o eixo látero-lateral é alterado.

Ainda que a articulação do joelho pareça ser bem construída estruturalmente, ela não foi feita para suportar muita sobrecarga imposta por certas atividades atléticas. Ao examinarmos a sua anatomia, evidenciamos casos comuns de sobrecarga excessiva, que predispõem os praticantes de atividades físicas a lesões. Dentre elas as mais comuns, são:

- entorse do ligamento colateral medial
- entorse do ligamento colateral lateral
- entorse do ligamento cruzado anterior
- entorse do ligamento cruzado posterior
- lesões de menisco
- síndrome do estresse femoropatelar
- condromalacia patelar
- subluxação ou luxação patelar aguda
- tendinite patelar (joelho de saltador)
- bursite
- plica patelar

PERNA, TORNOZELO E PÉ

Podemos comparar esta tríade à do complexo superior (antebraço, punho e mão), porém neste caso devemos levar em consideração que o complexo inferior é responsável pela sustentação de carga (o peso corporal) e absorve a força aplicada a cada passo, sendo esta altamente elevada quando em situações de atividades físicas, principalmente as que envolvem a corrida.

Entre as lesões mais comuns nestas estruturas podemos citar:

- fraturas tibiais e fibulares
- distensões musculares
- síndrome do estresse tibial medial
- tendinite do tendão de Aquiles
- ruptura do tendão de Aquiles
- bursite retrocalcaneal
- entorses do tornozelo (entorse em inversão e entorse em eversão)
- fraturas e luxações no tornozelo
- subluxação e luxação dos tendões dos fibulares
- tendinite
- Excesso de pronação e/ou supinação
- fraturas por estresse no pé
- fascite plantar
- hálux valgo (joanete)
- síndrome do túnel do tarso

COLUNA

A coluna vertebral consiste de um empilhamento de 33 ossos, chamados vértebras. Os ossos são mantidos juntos por ligamentos e músculos, com discos cartilaginosos. Ao longo da coluna vertebral podemos verificar que as vértebras são divididas em 5 grupos distintos, cada grupo possuindo um curvatura e funções especificas. A coluna esta relacionada com a função de sustentação do nosso corpo em posição ortoestática (em pé) e esta sujeita a sofrer muitos distúrbios e lesões, como:

- lombalgia
- distensões musculares
- distensão do piriforme
- distensão do quadrado lombar
- dor miofascial e pontos-gatilho
- síndrome de hipermobilidade (espondilólise/ espondilolistese)
- disfunção na articulação sacroilíaca
- entorse cervical
- entre outras.

lesoes do esporte-tendinites



Etilologia

Esse tipo de inflamação é originário de traumatismos (fricção) repetidos (esforço repetitivo), esforço exacerbado onde pode haver inclusive, ruptura dos tendões ou até ser parte da manifestação de outras doenças como artrite reumatóide, esclerose sistêmica, gota etc.
Outras vezes, pode ser devido a um processo infeccioso que acaba por envolver também os tendões e sua "capa".

Sinais, sintomas e diagnóstico

Tudo isso se traduz em dor para o paciente, principalmente quando ele tenta movimentar o tendão afetado, seja das mãos ou dos pés. Há também inchaço ficando muitas vezes os tendões visíveis sob a pele em forma de cordões avermelhados e dolorosos. Postura antálgica para se locomover (tendinite de joelho, aquiles ou pubis), espessamento do tendão, apalpação ( confirma o local do alargamento e elucida o local da dor), flexibilidade passiva da unidade músculotendinosa mantida, contração ativa, contração isométrica sem sobrecarga difere a tendinite de uma lesão capsuloligamentar, também são sinais da tendinite.
O tratamento para essas doenças inclui a consulta a um médico, que poderá aconselhar repouso de tendão e uso de antinflamatórios orais ou injetáveis.

Mecanismos prováveis para o desencadeamento da tendinite:

Padrão específico de movimento é realizado "repetitivamente":

* Esses esportes podem envolver uma sobrecarga tênsil repetitiva, compressão e abrasão (desgaste) do tendão. A abrasão é comum no tendão do supraespinhoso no espaço subacromial.

A freqüência dos esforços não permitem a reparação do tecido do tendão, e pré dispõem o microtrauma acumulativo.

* Exemplo: Arremessos, saque de tênis, natação

Esforço único com magnitude elevada:

* Pode induzir a uma patologia inicial que é mantida por outras atividades que normalmente não podem concluir (evoluir) a patologia do tendão.

* Exemplo: é o corredor com "passos largos". Isso resulta em uma contração muscular excêntrica (ecc) dos ísquios tibiais (Its), que produz uma tensão suficiente para alterar a substância do tendão, ou a interface do tendão normal, e a corrida normal ou passos de caminhada, pode produzir forças suficientes na magnitude, e /ou freqüência para conservar uma lesão crônica de tendinite.

Andar ou correr sobre um plano irregular:

* Isso induz a repetitivas forças anormais de magnitude elevadas, nas estruturas do tendão.
Exemplo: superfície com inclinação medial-lateral. A força de reação no terreno,
desencadeará momentos anormais de eversão, para o pé que está sobre o lado alto
do terreno. As estruturas ósseas laterais do pé e tornozelo serão submetidas à excessiva compressão.

Os tecidos moles mediais também sofrerão excessivos stresses tênseis. Os tendões tais como o Aquiles, tibial posterior e flexor longo do hálux, serão submetidos ao stress tênsil anormal, como movimento articular excessivo produz tensão passiva e como os músculos envolvidos produzem tensão ativa, assim como eles suportam a contração excêntrica para controlar este movimento. Os tendões dos músculos tibial posterior e flexor longo do hálux, podem também ser submetidos à compressão anormal e fricção, como eles caminham em seus respectivos mecanismos de polias ósseas.

Utilização de equipamento no local de trabalho ou no esporte, que promove repetitivos stress nas estruturas do tendão.

* O formato do equipamento resulta em magnitude anormal de força.
* Exemplo: tamanho ou peso da raquete de tênis em pessoas que predispõem à tendinite.

Tendinites mais comuns

1. Supraespinhoso
2. Aquiles
3. Síndrome de Fricção da Banda iliotibial
4. Epicondilite lateral
5. Tibial posterior
6. Tendinite penoneal
7. Tendinite do púbis (adutor)
8. Tendinite do ligamento patelar (joelho do saltador)
9. Tendinite iliopsoas

objetivo da fisioterapia desportiva

A fisioterapia desportiva, ou reabilitação atlética abarca principalmente a restauração das estruturas músculo-esqueléticas traumatizada. Só raramente uma lesão é tão leve a ponto de tornar desnecessária alguma forma de reabilitação, e, como regra, quanto mais séria for a lesão, mais prolongada e necessária será a reabilitação. A eficácia da fisioterapia no período de recuperação, tanto após uma cirurgia quanto após um traumatismo, geralmente determina o grau e o sucesso da futura competição atlética. Além do mais, as lesões sofridas durante a participação atlética são em geral, produzidas em circunstâncias inerentes ao desporto especifico: portanto, o atleta pode ficar exposto a um traumatismo recidivante idêntico, o que torna mais provável uma nova lesão. Esse potencial para sofrer uma nova lesão torna necessário um tratamento fisioterápico exaustivo e completo.




Em qualquer lesão, ocorrem eventos fisiológicos específicos em resposta ao traumatismo. Cabe ao fisioterapeuta reduzir a gravidade desses efeitos fisiológicos, otimizar o tempo de cicatrização e devolver o atleta à competição o mais cedo possível sem comprometer seu bem-estar. Os objetivos de todo o programa de fisioterapia incluem:
Redução da dor;
Redução da resposta inflamatória ao traumatismo;
Retorno da amplitude activa de movimento plena e isenta de dor;
Redução do derrame;
Retorno de força, potência e endurance musculares plenas
Retorno às actividades funcionais assintomáticas plenas no nível pré-lesão
Tumefacção, dor e espasmo podem inibir a instituição precoce de um programa de fisioterapia. O uso de várias modalidades pode ser essencial no controle e na redução dessas respostas, permitindo ao atleta iniciar precocemente os exercícios de amplitude de movimento e de fortalecimento. No entanto, a modalidade propriamente dita nunca é considerada a cura para a maioria das lesões atléticas. Apenas através do exercício terapêutico será possível recolocar a parte ou as partes corporais lesadas em seu nível pré-lesão. Se um programa de reabilitação não for instituído em combinação com as modalidades terapêuticas, o ciclo da lesão poderá prosseguir.
O exercício precoce é essencial para a reabilitação. Os atletas podem aprimorar sua condição física em cerca de 1% ao dia , enquanto perdem de 3% a 7% de sua aptidão diariamente quando permanecem totalmente inactivos. Portanto, quanto mais longo o período de tempo durante o qual o atleta permanece inactivo, mais longo será o período necessário para completar o programa de reabilitação. O uso apropriado do exercício pode acelerar o processo de cicatrização, e a falta de exercício durante os estágios iniciais da reabilitação pode resultar em incapacidade permanente. Algumas limitações poderão ser necessárias para proteger um reparo cirúrgico ou permitir que ocorra a cicatrização adequada da lesão. As condições ideais para a cicatrização dependem de um equilíbrio delicado entre a protecção contra o estresse e o retorno à função normal no período mais precoce possível.


Cada programa de fisioterapia deve ser individualizado; não existe um programa de reabilitação do tipo “livro de receitas culinárias” para todas as lesões e que possa ser adotado para todos os atletas. Um programa de fisioterapia deve ser elaborado de forma a atender as necessidades do atleta, abordar as deficiências específicas e a levar em conta as demandas funcionais específicas do atleta para cada atividade desportiva, em vez de encaixar o atleta em um determinado plano de tratamento.
Os objectivos gerais da fisioterapia já foram mencionados. Antes de iniciar um programa de reabilitação, o fisioterapeuta, o técnico e o atleta deverão elaborar um conjunto de objectivos a curto, médio e a longo prazo baseados na lesão do atleta ou no procedimento cirúrgico realizado e na necessidade da competição. O uso de protocolos de reabilitação preestabelecidos como directrizes para a progressão do atleta através do programa de reabilitação pode ser valioso. Os protocolos deverão fundamentar-se em princípios derivados da pesquisa sobre o tempo de cicatrização e cinemática articular. Os objectivos podem ser delineados em relação à amplitude de movimento, à sustentação do peso e à progressão dos pesos nos exercícios com resistência progressiva. Entretanto, os protocolos de reabilitação são apenas directrizes e os indivíduos toleram a dor diferentemente e cicatrizam com ritmos variáveis. O avanço da reabilitação no atleta deverá basear-se na avaliação diária do fisioterapeuta quanto aos relatos subjectivos e achados objectivos. A progressão de uma fase para outra somente deverá ocorrer depois que o atleta alcançou os objectivos esboçados na fase actual.

lesao de ligamento cruzado anterior


Os praticantes de futebol, esqui, basquete, vôlei e demais esportes que exigem mudanças bruscas de direção e movimentos de rotação conhecem bem este tipo de lesão. O ligamento cruzado anterior (LCA), é uma estrutura do joelho que une a tíbia e o fêmur internamente, possui 38mm de comprimento e 11mm de largura, mas apesar do tamanho, possui uma grande função estabilizadora do joelho. Seu rompimento que pode ser parcial ou total atinge principalmente os homens com idade entre 20 e 30 anos e normalmente é sem contato direto, ou seja, o mecanismo de lesão é o gesto desportivo exacerbado ou inadequado que causará e lesão.


Jogadores de futebol profissional com Vampeta e Nilmar ilustram bem o fato da lesão não apresentar contato direto com o adversário. Como forma de diagnóstico clínico da ruptura do LCA, temos diversos testes especiais que o Médico pode realizar para concretizar a lesão. Todos os testes (Gaveta, Lachman e Pivô Shift), associados às alterações funcionais como perda de movimento, inchaço, dor e marcha alterada serve para definir a lesão além do exame por imagem.


Como tratamento,existem duas maneiras de acompanharmos uma lesão de LCA. O tratamento conservador também pode ser realizado pela Fisioterapia, mas não se aconselha estes atletas a praticar novamente seu esporte de impacto, pois outras estruturas como meniscos, cartilagens, ligamento colateral medial... podem danificar-se com a prática. O tratamento cirúrgico, o mais empregado e com resultados pós-operatórios satisfatórios significam um tempo de reabilitação de +/- 6 a 7 meses para o retorno ao esporte competitivo profissional. Você pode se perguntar: não posso voltar antes deste prazo? Funcionalmente (movimento, força, agilidade...) podem já estar recuperados em 4 meses, mas histologicamente, ou seja, as células proliferadas para uma boa cicatrização e estabilidade do novo ligamento enxerto de tendões (patelar ou posterior da coxa), que farão esta nova função ainda não poderão ter acontecido por completo, portanto, não vale à pena arriscar.


A Fisioterapia neste período terá vários objetivos, entre eles: aceleração da cicatrização, diminuição da inflamação pós-operatória, ganho de movimento de extensão e principalmente flexão, técnicas manuais, ganho de força muscular, propriocepção (equilíbrio) e simulações do gesto desportivo. A Eletromiografia de Superfície, Baropodometria Eletrônica, Avaliação de Força Isocinética são elementos utilizados para o controle da evolução do tratamento e que facilitam a liberação para o esporte.
Também não vá pensando que a cirurgia é milagrosa. Existem casos de recidivas de rupturas mesmo com o tratamento cirúrgico. Respeite os prazos de reabilitação. Conheça algumas complicações que podem atrapalhar sua recuperação. Siga os conselhos dos Fisioterapeutas fazendo sua parte. Controle os ângulos de movimento na musculação e capriche na Propriocepção (equilíbrio, coordenação, força, dinamismo...), assim você retornará ao seu esporte melhor do que antes da lesão!